O carvão é o combustível de eleição da Polónia, quer seja para responder à procura energética como para impulsionar a economia. E assim deverá continuar pelas próximas décadas, uma vez que o Governo está a pressionar as companhias eléctricas para que renovem as suas unidades de produção energética.
Desta forma, a Polónia deverá continuar a ser o “enfant terrible” da Europa, no que concerne às emissões de gases com efeitos de estufa. Mas, surpreendentemente, a Polónia aposta no carvão para atender às exigências climáticas impostas pela União Europeia.
A produção de energia através da combustão de carvão, nomeadamente de lenhite e antracite, é uma forma barata de produção de energia e a Polónia tem reservas abundantes. Apesar de ser uma forma barata de produção de energia, as emissões de dióxido de carbono resultantes da combustão do carvão são elevadas.
As políticas ambientais europeias ditaram que a Polónia deve reduzir a emissões de gases com efeito de estufa em 14%, assim como aumentar a produção de energia a partir de fontes energéticas renováveis. Porém, a Polónia acredita que pode cumprir com os requisitos europeus tornando as centrais de combustão de carvão vais verdes e menos poluentes, refere o Financial Times (FT).
Um dos planos do Governo para reduzir a dependência do carvão era a construção de duas centrais nucleares, mas a crise económica fez com que o Governo relegasse para segundo plano a sua construção.
Centrais serão substituídas… algumas
Em vez disso, para continuar a responder às exigências energéticas, através de baixos custos de produção, e para continuar a impulsionar a economia, o Governo polaco prevê que as centrais termoeléctricas existentes – metade das existentes tem mais de 30 anos – sejam substituídas nos próximos anos por novas centrais, mais eficientes e menos poluentes, podendo assim responder às exigências europeias para as emissões de gases. Na verdade, se estas novas centrais forem menos poluentes, a Polónia pode reduzir as emissões em cerca de um terço, de acordo com Krzysztof Kilian, antigo presidente executivo da PGE, a maior companhia energética da Polónia, refere o FT.
A PGE tem já em curso a construção de duas novas centrais com capacidade para produzir 900 megawatts nas suas instalações de Opale. O investimento está estimado em €2,21 mil milhões (R$6,84 mil milhões). Inicialmente, a empresa não queria avançar com a construção, mas o Governo pressionou para que o projecto avançasse, argumentando que era essencial para a segurança energética. Segundo a PGE, o projecto pode ser economicamente inviável, devido aos baixos preços da electricidade, que diminuíram 20% nos últimos dois anos. Também o consumo de energia caiu – 0,6% em 2012.
A verdade é que a Polónia terá que requalificar ou construir novas centrais termonucleares para responder à procura energética. Os operadores estimam que em 2016/2017 pode haver falta de energia nos picos de maior procura, porque as centrais que estão a ser desactivadas, devido à idade, não estão a ser substituídas.