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Novamente Geografando

Este blog recolhe e organiza informação relacionada com Geografia... e pode ajudar alunos que às vezes andam por aí "desesperados"!

Novamente Geografando

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A política do actual governo em apostar em centrais de biomassa florestal só irá agravar a desflorestação no país e custos acrescidos para os contribuintes, alertam a Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Acréscimo, Associação de Promoção ao Investimento Florestal. E citam números que sustentam a tese:

 

“A disponibilidade potencial de biomassa de origem florestal, seja de sobrantes de operações de silvicultura (limpezas, desramações e desbastes) ou de exploração florestal (abate de arvoredo), seja de resíduos das indústrias de transformação de material lenhoso está estimada em 2,2 milhões de toneladas por ano.”  Ora, em 2013, o “consumo efectivo de biomassa florestal para energia já se situava acima dos 3 milhões de toneladas anuais”. Ou seja, esse saldo era já deficitário antes da aprovação de mais estas oito centrais que, inevitavelmente, provocarão um impacto negativo ao nível da desflorestação. Até porque se tratam de investimentos privados, mas com remuneração garantida por parte de Estado, “com custos a assumir pelas futuras gerações”.

Para a Quercus, a medida é ainda mais incompreensível quando se percebe que “a balança comercial de produtos de origem florestal é já hoje consideravelmente negativa. De acordo com o INE, através das últimas Contas Económicas da Silvicultura publicadas, em 2016 o país despendeu cerca de 110 milhões de euros na importação de madeira em bruto, essencialmente para as indústrias da madeira”.

A associação salienta ainda que, neste processo de licenciamento, não foi “efectuada qualquer avaliação de impacto ambiental, seja ao nível dos solos, dos recursos hídricos, da fauna e da flora, incluindo sobre o arvoredo. Esta é uma lacuna que contribui, propositadamente ou não, para uma subavaliação do impacto ambiental associado às centrais termoelétricas a biomassa florestal “residual”, sobretudo para as desligadas de circuitos silvo-industrias de madeira serrada, de madeira triturada e de cortiça.”

As duas associações salientam também existiram várias alternativas para a gestão florestal, com a consequente diminuição do risco de propagação dos incêndios rurais e “entre elas está a que envolve a utilização de sobrantes como fertilizante orgânico, designadamente pelo seu estilhaçamento e espalhamento nos solos”. O fogo controlado, em locais apropriados, “é ainda uma alternativa com menores custos associados face às rendas garantidas às centrais termoelétricas a biomassa florestal ‘residual’”. Ou então a “aposta em soluções de valorização da biomassa florestal de dimensão municipal, ou seja, de curta distância, essencialmente focada na produção de energia calorífica e destinada, prioritariamente, a equipamentos públicos e sociais”. Tudo menos as centrais agora aprovadas…

Foto: Creative Commons

 

REN

João Gaspar é o responsável pela área de Servidões e Património da Rede Eléctrica Nacional (REN), por isso tem ao seu cuidado as faixas de terreno por onde passam os cabos de alta tensão que alimentam o país. Desde 2010 que a REN tem em marcha um plano de reflorestação desses corredores com espécies autóctones, que desempenham um papel muito importante no combate aos incêndios, geram receitas para os proprietários dos terrenos e promovem a biodiversidade. Fomos tentar perceber melhor como funciona o plano.

 

Entre 2010-2016 a REN foi responsável pela plantação de 745.000 árvores de floresta autóctone, cerca de 400 árvores a cada dia nos últimos seis anos. Qual o balanço que faz deste projecto de reflorestação?

Fazemos um balanço muito positivo. Em 2010, quando iniciámos, estas acções foram integradas num novo paradigma que alia a promoção de um ecossistema sustentável à valorização económica das faixas de servidão, numa área superior a 1 450 hectares, através da plantação das árvores, que são essenciais no combate aos incêndios (quando comparadas com a vegetação anteriormente existente), na criação e preservação de biodiversidade e uma fonte de rendimento para os proprietários dos terrenos. São 7 700 proprietários, que podem agora a tirar rendimentos de terrenos que habitualmente estavam ao abandono, e centenas de comunidades locais satisfeitas com o aumento da biodiversidade.

Só no ano de 2016, foram plantadas 107.353 árvores numa área de 395 hectares. Qual o investimento feito pela REN nesta iniciativa? 

A REN tem feito nos últimos anos um investimento significativo na preservação ambiental. Porém, mais do que o investimento feito pela empresa, o mais importante será o efeito multiplicador que o mesmo terá na prevenção de incêndios e na criação de rendimentos para os proprietários, que será algo duradouro e constante no tempo. 

Quais as principais regiões intervencionadas? Que espécies foram plantadas nestes locais?

Em 2016 as principais regiões onde intervencionamos foi na zona centro (distrito de Aveiro), nomeadamente nos municípios de Arouca, Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis (municípios muito fustigados pelos incêndios florestais de 2016) e Anadia, assim como na região do Minho, nomeadamente em Vieira do Minho e Fafe. As espécies plantadas fazem parte da floresta autóctone portuguesa, nomeadamente pinheiro manso, medronheiro, sobreiro, castanheiro e carvalho. Analisando o período de 2010 a 2016 podemos afirmar que temos intervencionado em todo o país, desde o Minho ao Algarve.

No âmbito do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, em 2016 foram ainda intervencionados cerca de 4600 hectares de faixas de servidão. 

O Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, foi criado na sequência dos grandes incêndios de 2003 e 2005 e através do qual a nossa rede eléctrica passou a integrar as Redes de Faixas de Gestão de Combustível, locais onde se procede à modificação e à remoção total ou parcial da biomassa presente. O papel desempenhado por estes corredores na defesa da floresta contra os incêndios, assim como no próprio apoio ao combate aos incêndios é importantíssimo pois dificulta o avanço das chamas e ao mesmo tempo facilita o trabalho dos bombeiros. Tal razão tem levado a que nos últimos anos temos vindo a adaptar os nossos corredores ao propósito da defesa da floresta contra os incêndios. Aliás, estamos muito próximos dos Bombeiros e temos várias iniciativas de parceria. Também aderimos ao Movimento ECO – Empresas Contra os Fogos, em 2012, um programa que tem como objectivo potenciar a prevenção dos incêndios florestais e sensibilizar a opinião pública para os comportamentos de risco.

Tem havido uma clara aproximação da REN às comunidades que vivem perto destes locais tão ricos em biodiversidade. Como tem acontecido este encontro? Qual o feedback da população local?

Esta aproximação é uma consequência natural da nossa estratégia de sustentabilidade que tem como um dos seus três pilares o envolvimento e satisfação das partes interessadas da empresa, sendo as comunidades locais uma delas. Assim, o nosso trabalho passa por integrar o seu bem-estar, as suas preocupações e resposta às necessidades das mesmas, na nossa estratégia. Na prática, isto significa que sempre que projectámos uma nova linha levamos muito a sério os contactos com as comunidades locais, os proprietários dos terrenos, as preocupações e bem-estar de ambos, bem como a biodiversidade existente na região.

O feedback tem sido muito positivo, a começar pelo impacto visual trazido pela reflorestação, que está agora mais valorizada pela plantação de árvores autóctones compatíveis com a presença das linhas. Os próprios cidadãos percebem também que esta reflorestação aumenta a biodiversidade do coberto vegetal, diminui os riscos de incêndio, rentabiliza os solos e permite o regresso dos proprietários às suas propriedades. Tem igualmente um carácter experimental, ou seja, pretende provar que existe espaço para outras espécies, nomeadamente as autóctones e que é possível extrair rendimento das mesmas.

Incentivar os proprietários a adoptar abordagens mais activas na gestão das faixas de servidão tem sido igualmente uma aposta da empresa. Que acções estão a ser desenvolvidas nesse sentido?

As acções de reconversão vêm garantir uma melhor gestão destas áreas e a criação de valor económico para os proprietários que têm agora a possibilidade de obterem rendimentos dos seus terrenos, que usualmente eram deixados ao abandono. Os proprietários passam assim a ser parte activa na gestão destas áreas, criando um impacto positivo na conservação ambiental e protecção da biodiversidade.

REN 2

Há apoios locais para a implementação real destas iniciativas? Com que parceiros contam para pôr estes projectos em prática?

Ainda antes de avançarmos com as reflorestações procurámos rodear-nos de quem nos pode ajudar. Os nossos parceiros são a Quercus, na selecção das espécies autóctones e na revisão dos projectos, antes ainda da sua submissão ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). E também a Cooperativa Portuguesa do Medronho, para a dinamização do medronheiro como uma das espécies autóctones a promover junto dos proprietários de terrenos atravessados pelos corredores das linhas de transporte de energia. Após a aprovação dos projectos por parte do ICNF, os nossos parceiros na implementação destas acções são prestadores de serviços do sector florestal que utilizam mão-de-obra local nas acções de reflorestação, contribuindo assim para a criação de emprego local.

O pinheiro-manso tem sido a espécie eleita em cerca de 70% dos casos. Porquê a escolha desta árvore? E que outras espécies surgem como alternativas sustentáveis?

Efectivamente o pinheiro-manso tem sido a espécie florestal autóctone mais escolhida pelos proprietários dos terrenos, o que se justifica, porque é uma espécie florestal que permite múltiplas utilizações, das quais a produção de pinhão é a mais valorizada, combinando o elevado valor económico com o da protecção ambiental e paisagística. Saliento, no entanto, que nos últimos dois anos temos assistido a um aumento significativo da área plantada com carvalhos e castanheiros, facto que se encontra relacionado com o local das (re)arborizações, as quais se desenvolveram, na sua grande maioria, no Minho e em Trás-os-Montes, e com uma maior pró-actividade da REN no conselho das espécies a utilizar. Uma das espécies que prevemos venha a aumentar significativamente a sua área é o medronheiro, daí o estabelecimento de uma parceria com a Cooperativa Portuguesa do Medronho, uma vez que sendo um arbusto é perfeitamente compatível com a presença das linhas de transporte de electricidade,  e é uma espécie com um grande interesse económico, quer na produção da aguardente de medronho, quer em múltiplas outras utilizações na indústria agro-alimentar

Que acções ligadas à reflorestação e biodiversidade estão a ser postas em prática pela REN actualmente

Sempre que finalizamos um projecto fazemos a reflorestação da área de servidão. Simbolicamente, começamos estas arborizações com iniciativas em parceria com as autarquias e escolas locais. Em 2017 já realizámos duas acções assim, com cerca de 200 alunos de escolas de Gouveia e da Trofa. Até final do ano pretendemos realizar pelo menos mais uma acção deste género.

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Fotos: Adidas

17 Jul, 2017

RECICLAGEM, SEMPRE!

Ecopontos

Durante o Nos Alive, a Sociedade Ponto Verde (SPV) colocou mais de 500 ecopontos espalhados pelo recinto e procurou incentivar os festivaleiros com mensagens do tipo: “Mostra que o teu lado reciclador está bem ALIVE”. Não foi a única iniciativa da Sociedade durante o festival, como poderá ler aqui,mas foi uma das mais importantes para o objectivo final de convencer os portugueses a manter os seus hábitos de reciclagem em qualquer situação.

 

“Esta foi uma das acções que o NOS Alive recebeu na primeira activação da campanha de sensibilização “Reciclagem, Sempre!”, lançada pela Sociedade Ponto Verde. A campanha tem por objectivo incentivar os portugueses a manter os seus hábitos de reciclagem em qualquer contexto. Além dos hábitos de reciclagem que parecem estar cada vez mais incutidos na sociedade portuguesa – 7 em cada 10 lares já recicla –  importa agora que essa prática não seja descurada sempre que os portugueses saiam de casa ou mudem de rotina, como por exemplo, numa ida à praia, num piquenique, num jardim, numa corrida ou num festival. A “Reciclagem, Sempre!” é um apelo para que todos os portugueses façam a separação das embalagens, independentemente do local onde se encontrem”, refere a organização em comunicado.

Recorde-se que a  Sociedade Ponto Verde é uma instituição privada, mas sem fins lucrativos, cuja missão passa por organizar e gerir os resíduos de embalagens, e também promover a sensibilização e educação ambiental junto dos portugueses. As suas acções tiveram um papel importante para Portugal atingir esta meta de 7 em cada 10 lares reciclarem os seus resíduos. Como infelizmente não acontece o mesmo quando os portugueses saem de casa, algo bastante frequente sobretudo nesta altura do ano, a mensagem fundamental da SPV é agora a de promover estas boas práticas em todos os lugares. 

No Nos Alive, fosse pelas mensagens motivadoras ou pela proximidade constante de um ecoponto, “o objectivo de garantir que festivaleiros podiam colocar os resíduos no local correto foi assegurado”.

 

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Merritt Island, Florida, EUA

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Hoje marca o 48º aniversário do pouso na Lua pela Apollo 11.

O lança foguetes Saturn V, da NASA , na plataforma de lançamento 39A no Centro Espacial Kennedy em Merritt Island, Flórida, EUA em 16 de julho de 1969.

Depois de viajar 240.000 milhas em 76 horas, a Apollo 11 entrou numa órbita lunar a 19 de julho. No dia seguinte, às 10H56, Neil Armstrong desceu a escada do módulo lunar na superfície da lua e disse a famosa frase: "o que é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade ".

Cheap Monday

Em 2016, a marca sueca Cheap Monday começou activamente a comunicar a sua jornada com vista à sustentabilidade. Lançou a sua colecção cápsula “C/O Cheap Monday” (Care Of Cheap Monday) e instalou contentores de reciclagem para recolha de têxteis usados nas suas lojas.

 

Foram as primeiras iniciativas para encorajar os clientes a embarcarem numa jornada para um futuro mais sustentável para todos, uma das maiores preocupações desta marca que no início do século XXI fez mexer o mercado com jeans originais, unissexo e de formato skinny, “Tight”. Agora, a Cheap Monday diz em comunicado que pretende “ser a marca de jeanswear mais relevante e sustentável do mercado, vestida por aqueles que criam a cultura pop”.

Materiais mais amigos do ambiente

Sendo uma marca de jeanswear, o algodão é um dos materiais mais frequentemente usados pela Cheap Monday. Tomando em consideração o impacto negativo que o algodão plantado convencionalmente tem sobre os humanos e sobre o ambiente, a marca tem vindo a focar-se na substituição por materiais mais amigos do ambiente como algodão orgânico ou reciclado. Para as suas colecções de homem e senhora, a Cheap Monday está a aumentar o uso de poliéster reciclado, lã reciclada e Tencel ® nas suas categoriais de produto mais relevantes.

O objectivo é que a utilização de materiais sustentáveis aumente de estação para estação. Começando na colecção de Primavera/Verão 2017, 72% da ganga, 51% da colecção de homem e 34% da colecção de senhora foram categorizadas como sustentáveis. Com a colecção de Outono/Inverno 2017, estas percentagens aumentaram para 100% em denim, 88% na colecção de homem e 59% na colecção de senhora. Finalmente, o objectivo é que na colecção Outono/Inverno 2018, as colecções de homem e senhora sejam categorizadas como sustentáveis na sua totalidade.

Processos de acabamento mais sustentáveis

Para além de usar algodão orgânico na maioria da sua linha de ganga, a Cheap Monday também está a procura de alternativas mais sustentáveis para os seus processos de acabamento, tendo em conta o uso de água, a energia e os químicos usados. Na colecção de Outono/Inverno 2017, uma grande parte da ganga é produzida com um processo de poupança de água e energia, não havendo lavagens com grande impacto no ambiente.

A sustentabilidade começa no desenho das peças, na escolha dos tecidos e a aplicação de técnicas de corte com vista a minimizar o desperdício. Continua, depois, durante o fabrico, a expedição e o transporte para a loja, mas não pára aí. O impacto ambiental de um produto continua por todo o seu ciclo de vida; tanto que 26% do impacto acontece depois de a peça sair da loja. Esta é a razão principal pela qual a Cheap Monday pretende envolver e incluir os seus consumidores nesta jornada para um futuro mais sustentável, incentivando-os a entregarem as peças que já não usam.

 

bicicleta oregon

De facto, andar de bicicleta é bom para a saúde, reduz os custos com cuidados médicos, e  é bom para o ambiente, retirando trânsito da estrada, diminuindo as emissões de gases e a poluição sonora, e a sua construção tem uma pegada ecológica inferior a qualquer outro meio de transporte, por isso , será de esperar que os governos procurem incentivar os ciclistas, não o contrário. Mas foi precisamente isso que fez o estado do Oregon, ao decidir criar uma taxa para os ciclistas. Assim, quem tiver uma bicicleta que custe pelo menos 200 dólares (170 euros), terá de pagar uma taxa de 15 dólares (13 euros).

 

“É um passo sem precedentes na direcção errada,” disse o editor da revista BikePortland ao jornal The Washington Post, “estamos a taxar o meio de transporte mais saudável, mais económico, mais amigo do ambiente, mais eficiente e mais sustentável que alguma vez foi inventado pela espécie humana.”

Uma luta que não trava sozinho, já que decisão enfureceu a maioria dos ciclistas num dos estados norte-americanos onde esta cultura é mais forte. A capital do Oregon, Portland, foi considerada a terceira cidade mais amiga dos ciclistas em 2016 e 7,2% dos residentes deslocam-se neste meio.  

Para a governadora do Estado, no entanto, a taxa poderá gerar receitas de 1,2 milhões de dólares por ano, que serão aplicados para melhorar e expandir a rede de ciclovias. Os adeptos da medida acrescentam ainda, conta também o jornal, que o estado não cobra qualquer imposto sobre o consumo, pelo que os ciclistas nem sequer serão duplamente tributados.  Ou seja, se revertêssemos a taxa em IVA, 15 sobre 200 dá uma taxa de 7,5 por cento. E este é o valor máximo, porque se for uma bicicleta de 2000 paga à mesma 15. Por isso em Portugal, felizmente, não temos a taxa mas se a pudéssemos trocar pelo nosso IVA, era muito bem vinda.

Foto Creative Commons

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Será que vacas comedoras de algas poderão ser a solução para os problemas de poluição causados pela criação de gado? Recorde-se que cada vaca emite entre 70 e 120 kg de metano por ano, e que o metano é, a seguir ao dióxido de carbono, o maior responsável pelo efeito de estufa. Aliás, quando comparados os dois gazes o metano é ainda pior, mas felizmente existe em menor quantidade. E é por isso que o gado nunca poderá ser a resposta para o aumento da população mundial.

 

Mas a Irlanda está decidida em provar que a criação de gado, “baseada num modelo de erva é sustentável” como refere a Associação de Agricultores daquele país. Basta juntar algumas algas marinhas.

Thomas Cooney, da associação, pediu aos cientistas irlandeses “para investigar imediatamente o potencial desta pesquisa no contexto agrícola da Irlanda, também no que se refere à produção das algas marinhas.”

 Afinal, enquanto ilha, esse potencial será grande. E o mesmo se poderia dizer de outro país “à beira mar plantado”, que, não sendo ilha, tem também uma longa costa.

A pesquisa a que Thomas Cooney se refere é um estudo da Universidade James Cook, Austrália, que experimentou com vacas e ovelhas e em todas verificou essa redução na produção de metano, incluindo 2% de algas na dieta. No caso das ovelhas de 50 a 70% de redução mas, no caso das vacas podia chegar a aos 99%, com uma alga vermelha chamada Asparagopsis Taxiformis.

A Universidade de Cook pegou no tema ao abriga da pesquisa científica da Comenwealth e a pedido de dois investigadores canadianos, que também só pegaram no assunto alertados por um agricultor daquele país, que verificou que algumas das suas vacas se alimentavam com algas na costa e que essas vacas eram mais saudáveis do que as outras, e tinham ciclos de reprodução maiores. Os dois investigadores canadianos referiam já outra consequência: a redução nas emissões de metanol.  

A ser verdade, a luta pelo meio ambiente abre aqui mais uma enorme oportunidade económica.

 

Villa 31

A Villa 31 é a favela mais antiga e famosa de Buenos Aires, que não só não desaparece como também continua a crescer em pleno coração da capital argentina. Vivem aqui mais de 40.000 pessoas, o dobro do que há 15 anos.

 

Este bairro da lata, que deve as suas origens à crise de 1930, está separado pelas linhas de comboio do bairro mais caro de Buenos Aires – a Recoleta. O contraste é brutal. De um lado, ruas de terra batida, um emaranhado de fios eléctricos, e labirinto de construções amontoadas em construções de tijolos que chegam aos quatro, cinco andares, casas ilegais, sem alvará, nas quais ninguém paga pela luz nem pela água. Do outro, lojas de design, cafés e prédios luxuosos estilo parisiense.

Ignorada pelas autoridades durante décadas, a Villa 31 está prestes a ser sujeita a um plano de urbanização no valor de 400 milhões de dólares, que deverá ser concluído em 2019. O objectivo é desenvolver habitação, sistema eléctrico e sistema de esgotos, pavimentação das vias, sistema de recolha de lixo e construção de áreas de lazer (entre elas a reconversão da via rápida que atravessa o bairro num grande espaço verde inspirado no projecto da High Line em Nova Iorque).

Na Villa 31, onde quase metade da população são imigrantes de Peru, Paraguai e Bolívia, apenas 27% dos jovens tem ensino médio completo, bem abaixo dos 80% para todas as Buenos Aires, pelo que uma das prioridades das autoridades locais também é reduzir a taxa de desemprego de quase 50% e quase inexistência de serviços públicos, como escolas.

O governo da cidade já anunciou, aliás, que vai levar para a Villa 31 todos os seus serviços educativos, assim como 1.500 funcionários públicos, uma forma de integrar a cidade e a favela, que passará a chamar-se Barrio 31. 

Numa cidade onde 8% da população vive em guetos como este, o município pretende “regularizar o que era informal”, disse à agência France Presse Diego Fernandez, responsável pela Integração Social e Desenvolvimento Urbano de Buenos Aires. “Vamos tentar transformar este bairro quase numa cidade europeia, com casas baixas e ruas estreitas. Queremos fazer com que as pessoas da cidade venham para cá. O bairro tem muito valor, existem legumes aqui que não se encontram em qualquer outro lugar da cidade, aqui vende-se de tudo”.

Comprovando a transformação em curso, o BID-Banco Interamericano de Desenvolvimento (um dos financiadores do projecto) vai abrir aqui o seu escritório argentino num prédio construído por trabalhadores locais e a McDonald’s também já confirmou que planeia abrir um restaurante no bairro 31.

Foto: Creative Commons