Grande parte do dióxido de carbono (CO2) produzido pela actividade humana que é lançado para a atmosfera é absorvido pelos oceanos. Contudo, uma vez que os níveis de emissões de CO2 estão a aumentar, também a adsorção do gás pelos oceanos aumenta.
A absorção de CO2 pelos oceanos é um processo natural, essencial para manter o equilíbrio térmico no planeta. Porém, o CO2 altera a composição química da água uma vez que reduz os níveis do pH e a torna mais ácida. Uma vez que os níveis de absorção de CO2 são maiores os níveis de acidez aumentam na mesma proporção – uma alteração que ameaça a vida aquática.
Este aumento da acidificação dos oceanos e as suas consequências foram retratados num novo estudopublicado na revista Paleoceanography. A investigação, conduzida pelas Universidades de Califórnia-Santa Cruz, Yale e Columbia, revela que o processo de acidificação está a ocorrer dez vezes mais rápido que no Máximo térmico do Paleoceno-Eoceno, um período de drásticas alterações climáticas que ocorreu há 56 milhões de anos e extinguiu várias espécies aquáticas e obrigou à evolução de outras. Durante este período, que durou cerca de 70.000 anos, as temperaturas médias globais aumentaram cerca de 11,6 graus Celsius.
O aumento da acidificação das águas é já uma ameaça grave para vários ecossistemas marinhos, como as barreiras de coral. Contudo, a acidificação das águas constitui também um perigo para a espécie humana, uma vez que depende do alimento fornecido pelos oceanos. Um outro estudo, revela que a acidificação dos oceanos está a erodir as conhas de uma espécie de pequenos caracóis marinhos, que são fonte de alimento para os salmões, cavala e arenque, que por sua vez são alimento para os humanos e outros peixes maiores.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas estima que a acidificação das águas marinhas e outros efeitos produzidos pelas alterações climáticas podem reduzir a quantidade de peixe disponível para pesca, uma redução que pode ter um impacto de €10,3 mil milhões para a indústria pesqueira em 2050, refere oDiscovery News.
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