Depois da Antártida, o perigo do “buraco” do ozono espreita o Ártico. Durante anos, os cientistas preocuparam-se sobretudo com o aquecimento da troposfera, a camada mais próxima da Terra. No entanto, as camadas superiores têm uma espessura maior e são tão importantes como a troposfera para os habitantes do planeta.
Há cerca de uma década, os cientistas previram o arrefecimento da atmosfera superior, através de um raciocínio simples: gases. Como o dióxido de carbono e o metano causam um efeito de estufa que concentra grande parte do calor junto à Terra, não deixando que as radiações se escapem para o resto da atmosfera. No entanto, esse problema resolver-se-ia se o ar quente conseguisse subir, o que não acontece. Quando o ar quente atinge a camada de ozono que é relativamente mais quente (porque absorve parte da radiação solar) que a camada anterior, dá-se uma inversão da temperatura. O ar quente que sobe até ali deixa de ser mais quente que o envolvente e deixa, por isso, de subir.
Assim, a troposfera aquece enquanto as outras camadas arrefecem. O que recentemente lançou o alarme foi a constatação de que, nos últimos cinco anos, o arrefecimento da estratosfera foi mais rápido do que o esperado, sobretudo sobre as regiões polares. Na mesosfera, as temperaturas têm baixado nas últimas três décadas cerca de um grau centígrado por ano. A destruição da camada de ozono é uma consequência do arrefecimento da estratosfera porque os gases CFC, acusados de contribuírem para o “buraco” sobre a Antártida, actuam mais eficazmente com temperaturas baixas. Um especialista da NASA, prevê que temperatura da estratosfera do Ártico estará no ano 2020, entre oito a dez graus Célsius mais baixa do que sem o efeito de estufa. Como consequência, o “buraco” do ozono terá o dobro da extensão que deveria ter. Segundo a mesma previsão, o ozono continuará a perder-se nos próximos dez ou quinze anos, sobretudo sobre a Gronelândia e o Norte da Europa.
Adaptado de Diário de Notícias, 5 de Maio de 1999.