Choque das Civilizações
O mundo ficou perplexo com o atentado terrorista contra o jornal Charlie Hebdo, que fez 12 vítimas fatais na manhã de hoje, em Paris. Neste momento, assim como em 11 de setembro de 2001, vale lembrar a tese de Samuel Huntington sobre o "Choque das Civilizações".
Huntington, famoso expert das relações internacionais, alerta para o risco de um choque entre oito civilizações que não partilham os mesmo valores, e notadamente entre as civilizações ocidental, islâmica e confuciana (as cinco outras, de acordo com ele, seriam: a latino-americana, a africana, a hindu, a eslavo-ortodoxa e a nipônica).
Otimistas, universalistas e mundialistas ficaram escandalizados. Huntington considera-os ingênuos. Seus opositores o acusam de induzir ao confronto, de formular uma "profecia autorrealizadora", quando, ao contrário, o que ele pretende é advertir. Os realistas não acreditam em uma aliança Islã-China antiocidental.
Desde então, tudo acontece como se – embora declarando rejeitar a "teoria" do choque de civilizações – um grande número de ocidentais, na esteira da administração Bush e dos neoconservadores, partilhasse do pensamento de Huntington e dele tirasse conclusões bem particulares.
Os praticantes do Islaminismo fundamentalistas têm uma posição igualmente radical e, como fizeram os cristãos por muito tempo, dividem o mundo entre fiéis e infiéis.
Outros ocidentais, bem como os muçulmanos moderados, negam tal perspectiva (essa "teoria") em nome do universalismo, mas, sobretudo, porque ele os preocupa.
Outros, por fim, estimam que o choque Islã-Ocidente, ao contrário, é um risco sério devido às minorias fanáticas e a uma profunda ignorância mútua que predispõe à desconfiança. Estes não combatem a "teoria", mas tentam afastar o risco e neutralizar os conflitos, propondo, para começar, a paz no Oriente Médio e preconizando o diálogo.
Fonte: BONIFACE, Pascal. Atlas do Mundo Global. São Paulo: Estação Liberdade, 2009, páginas 30 e 31 (adaptado).