Como é que pequenos bandos de mongóis, a cavalo, conseguiram conquistar e manter, durante décadas, grande parte do mundo conhecido até então? Há muitas razões, certamente, mas cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, explicam que uma delas foi a sorte de terem gozado do clima mais suave e húmido dos mil anos anteriores.
De acordo com Neil Pederson, co-autor do estudo e responsável do Observatório da Terra de Lemont-Doherty daquela universidade, os anéis das árvores mais antigas da Mongólia prova que o bom tempo ajudou à demanda de Khan e dos seus generais. Estes anéis mostram que, no tempo de ascensão do império mongol, entre 1211 e 1225, as estepes normalmente frias e áridas da Ásia Central tiveram um clima bem mais moderado.
A produção de erva terá crescido e permitido a alimentação de um grande número de cavalos e gado, que acompanhavam os guerreiros. Segundo o Los Angeles Times, os anéis estudados, que datam de 900 a 2011, exibem ainda algo preocupante: desde meados do século XX, a região aqueceu rapidamente, e a seca recente foi a mais severa registada, talvez um efeito colateral do aquecimento global.
Os membros do exército de Khan teriam cinco cavalos cada um, um trunfo para que lhes permitiu conquistar rapidamente uma área que se estende do leste da Ásia até o leste da Europa.
“A natureza pôs a mesa e Khan veio comer”, explicou ao LA Times Amy Hessel, da Universidade da Virgínia Ocidental. Os anéis anuais dos troncos das árvores variam em relação à humidade e temperatura, e podem ser lidos como um livro, de acordo com Neil Pederson.
Na verdade, e numa região, já por si, com escassez de água, esta nova seca está a promover um novo movimento migratório – num local onde as pessoas viveram da mesma forma durante séculos, movendo-se constantemente o gado e morando em tendas.