Faz hoje 31 anos que a arriba fóssil da Costa da Caparica, na margem sul do Tejo, foi classificada como paisagem protegida. O objectivo foi preservar as características geomorfológicas e as comunidades naturais existentes no local, promovendo o seu equilíbrio biológico e paisagístico, mas nem tudo correu bem.
“A paisagem protegida da Costa da Caparica localiza-se perto de grandes centros urbanos e com interesse balnear, [por isso] tem sofrido várias alterações provocadas por actividades humanos, que se manifesta na elevada pressão urbanística, circulação automóvel, construção clandestina e deposição de resíduos”, explica a ONG ambiente Quercus.
A forte pressão turística reflete-se na construção de segundas habitações, campismo ilegal e utilização indevida da zona dunar para prática de desportos todo-o-terreno. Por outro lado, as actividades agrícolas intensivas e práticas de pastoreio não contralado contribuem para a degradação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas. “Apesar de já ter sido implementado um programa de recuperação dunar, as espécies exóticas invasoras continuam a constituir uma preocupação devido ao seu carácter adaptativo e forte pressão urbana, que favorece a sua propagação”, continua a Quercus.
O que foi feito de positivo?
Nem tudo são más notícias, porém. A arriba fóssil, que resulta de uma antiga arriba que, devido à regressão marinha, deixou de estar em contacto com o mar, constitui o elemento de paisagem mais significativo da área protegida, estendendo-se até à Lagoa da Albufeira.
A criação da paisagem protegida permitiu valorizar o património natural já existente e aumentar o conhecimento sobre o local. Foram desenvolvidos programas de monitorização de aves aquáticas nas lagoas de Albufeira, Pequena e da Estacada, com o desenvolvimento de estudos sobre a distribuição ecológicas de espécies relevantes, como a lontra, rato-de-cabrera e víbora-cornuda.
Foram também identificados e monitorizados morcegos e aumentou a investigação científica no domínio lagunar e marítimo. Houve também um aumento da biodiversidade da fauna marinha na lagoa de Albufeira, devido à implementação de um plano que incluiu a correcta abertura da lagoa para o mar, a realização de drenagens periódicas e imposição de limitações às actividades antropogénicas.
Hoje, estão inventariadas 169 espécies de fauna terrestre, 10 das quais apresentam valores ecológicos mais elevados.
As oportunidades
As características únicas que caracterizam a paisagem protegida da arriba fóssil da Costa da Caparica, explica a Quercus, conferem-lhe enormes potencialidades em sectores como o turismo, agricultura, pesca ou investigação científica.
Para tal, a Quercus propõe um conjunto de acções, que vão da criação de um programa de renaturalização da orla costeira que inclua a recuperação da vegetação dunar e demolição de infraestruturas construídas em cima das dunas até ao condicionamento total da construção e expansão urbanística e turística.
É também necessário definir zonas de protecção para espécies prioritárias, implementar medidas de conservação da área florestal da Mata Nacional dos Medos – incluindo silvicultura sustentável – promover actividades ligadas ao ecoturismo e potenciar o desenvolvimento de estudos de investigação científica.
A Quercus desenvolveu ainda um quadro com a análise das forças e fraquezas da Costa da Caparica.
Veja-o mais abaixo.
Antes, recorde algumas das mais deslumbrantes paisagens da costa.
Forças | Fraquezas | |
Diagnóstico |
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Prognóstico |
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Oportunidades | Ameaças |
Fotos: iketaka / Gustty / andruby / berther / mimolag / Creative Commons