O colapso do manto de gelo da Antártida ocidental já começou e não é reversível, revelaram dois estudos de equipas de investigação distintas. O recuo dos glaciares está a ser impulsionado pelas alterações climáticas e está já a provocar um aumento no nível médio da água do mar muito superior ao que os cientistas tinham antecipado.
A perda completa do gelo da Antárctida ocidental pode causar, eventualmente, um aumento de quatro metros no nível do mar, devastando várias áreas costeiras em todo o mundo. Os estudos indicam que apesar de não ser possível parar este degelo já iniciado, o aumento considerável ainda está a séculos de distância, potencialmente a um milénio.
Os dois estudos – um da NASA e outro da Universidade de Washington – analisaram os mantos de gelo no ocidente da Antárctica ao longo de vários períodos de tempo. Os investigadores da NASA focaram-se no degelo dos últimos 20 anos, enquanto os cientistas da Universidade de Washington utilizaram modelos computacionais para analisarem o futuro dos glaciares no ocidente do continente.
Ambos os estudos chegaram a conclusões semelhantes – o afinamento e degelo já começou e não pode ser revertido, mesmo com acções dramáticas para reduzir as emissões de gases com efeito estufa que causa as alterações climáticas. Os cientistas sugerem ainda que a acumulação recente de gelo da Antárctida foi temporária.
“Grande parte do gelo da Antárctida ocidental está num estado irreversível de conservação. Passou o ponto de retorno. E este recuo vai ter consequências nefastas no aumento do nível da água do mar em todo o planeta”, afirma Eric Rignot, glaciologista da NASA, ao Guardian.
Os cientistas concluíram ainda que as causas para a perda de gelo do continente são complexas – e não é apenas devido às temperaturas mais elevadas. Ambos os estudos afirmam que o contacto entre os glaciares e a água mais quente nas profundezas do oceano era o principal impulsionador do degelo lento.
Foto: NASA ICE / Creative Commons