Numa ação que ignora ostensivamente os impactos das alterações climáticas, as empresas de navegação e transporte de mercadorias estão a aproveitar o derretimento do gelo do Árctico para encurtar as rotas de transporte de produtos petrolíferos.
Recentemente, a japonesa Mitsui O.S.K. Lines revelou planos para criar a primeira rota de navegação através do Árctico, que deverá estar operacional em 2018. A empresa irá transportar principalmente gás natural liquefeito desde a Rússia para os mercados europeus e asiáticos, utilizando três cargueiros quebra gelo que serão construídos especificamente para esta rota do Ártico. Espera-se que a nova rota encurte o tempo de transporte em 10 dias. A rota actual é feita através do Canal do Suez, refere o Inhabitat.
Nos últimos tempos, a região do Ártico tem estado nas atenções internacionais. O degelo das calotes polares que acontece a um ritmo acelerado, devido ao aquecimento global, permite a passagem de cada vez mais navios por zonas antes inavegáveis devido ao gelo. Em 2013, 71 cargueiros atravessaram o Árctico entre a Europa e a Ásia. Em 2010, apenas quatro navios o fizeram.
O derretimento das calotes permite também que estas áreas agora livres de gelo sejam exploradas comercialmente, nomeadamente ao nível da prospecção petrolífera. O Árctico armazena 22% das reservas de gás e petróleo mundiais por explorar, o que coloca a região sob duas ameaças: as alterações climáticas e o interesse económico.
Foto: Bernt Nielsen / Creative Commons