Os últimos dados disponibilizados pela Agência Internacional de Energia (AIE) indicam que as emissões de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, provenientes do sector energético mundial em 2014, estagnaram pela primeira vez em 40 anos, fixando-se em 32 mil milhões de toneladas, o mesmo valor que foi registado em 2013.
“Esta é uma surpresa significativa e muito bem-vinda”, indicou Faith Birol, economista-chefe da AIE. “Estes dados fornecem um impulso muito necessário para os decisores se prepararem para forjar um acordo climático global em Dezembro, em Paris: pela primeira vez, as emissões de gases com efeito de estufa estão a dissociar-se do crescimento económico”, indica a economista, citada pelo TreeHugger.
Embora a notícia seja encorajadora, não deve fazer com que as atenções mundiais se descentrem do combate às alterações climáticas. E a razão é simples: embora a taxa de emissões tenha parado de aumentar, tal não significa que a taxa de concentração de CO2 na atmosfera para de aumentar.
Todos os anos se abre cada vez mais a torneira das emissões de CO2, de maneira que a “banheira” está a encher cada vez mais rápido. Porém, há um “furo” na banheira, o que faz com que parte deste CO2 desapareça da atmosfera – os responsáveis são os oceanos e florestas que absorvem este gás, mas esta capacidade de absorver CO2 está a esgotar-se.
Tal significa, recorrendo à analogia anterior, que em 2014 a torneira continuou na mesma posição de 2013, mas o CO2 continuou a ser emitido para a atmosfera.
Uma das razões para esta estagnação nas emissões de 2014 pode ser o facto de o consumo de carvão na China ter diminuído, impulsionado pelos esforços governamentais para combater a poluição atmosférica, utilizar a energia de uma forma mais eficiente e impulsionar as renováveis.
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