Arqueólogos mexicanos descobriram um lago de mercúrio debaixo da pirâmide do Templo da Serpente com Penas – também conhecida como Templo de Quetzalcoatl – a terceira maior de Teptihuacan, quando procuravam o túmulo dos réis da antiga e poderosa civilização pré-azteca que habitou aquela região.
Segundo Sergio Gómez, investigador responsável pelas escavações, a presença do mercúrio pode simbolizar um rio ou um lago do submundo, de acordo com as crenças da civilização, e o túmulo dos reis poderá assim estar perto.
“O túnel é uma representação metafórica do conceito do submundo. Devido à magnitude desta oferenda [o lago], os túmulos reais não podem estar noutro lugar”, explica o arqueólogo, citado pelo Guardian. Segundo o investigador, a descoberta do mercúrio líquido perto da entrada de três câmaras sugere que os túmulos reais podem estar próximos.
Gómez passou seis anos a escavar lentamente o túnel subterrâneo, que foi desobstruído em 2003 depois de 1.800 anos. No passado mês de Novembro, a equipa de arqueólogos que trabalha com Gómez anunciou a descoberta de três câmaras no fundo do túnel – que tem cerca de 91 metros – localizadas 18 metros abaixo do templo. Perto da entrada das câmaras, os arqueólogos encontravam vários artefactos: estátuas de jade, restos de jaguar, uma caixa cheia de conhas esculpidas e bolas de borracha.
A antiga cidade de Teotihucan, que significa “Cidade dos Deuses” em língua azteca nahuatl, fica localizada a 50 quilómetros do noroeste da Cidade do México e foi construída entre 100 AC e 750 DC. A cidade albergava entre 100.000 a 200.000 pessoas e era uma das maiores e mais importantes cidades sagradas da antiga Meso América. Além dos templos que chegaram até aos dias de hoje pouco se sabe sobre a cidade de Teotihucan e seus habitantes.
Gómez e a sua equipa estão agora a explorar as três câmaras, na tentativa de encontrar os túmulos. Contudo, o trabalho é dificultado pela toxicidade do mercúrio, que pode danificar o corpo humano através da exposição prolongada. O metal líquido não terá, no entanto, propósito prático para os Meso-americanos da antiguidade. Terá sido apenas utilizado pelas suas propriedades reflectivas, que o faziam assemelhar-se a um rio ou a um espelho para o submundo.
As civilizações meso-americanas conseguiam criar mercúrio líquido a partir do sulfeto de mercúrio, que era utilizado para decorar objecto e colorir os corpos da realeza. Escavações anteriores haviam já encontrado mercúrio líquido em duas pirâmides aztecas e uma olmeca, mas nunca em tão grande quantidade.