O lago ameaçado
Com 636 quilómetros de comprimento e 80 quilómetros de largura, o lago Baikal, no sul da Sibéria, Rússia, é o maior lago de água doce da Ásia, o maior em volume de água do mundo, o mais antigo – 25 milhões de anos – e o mais profundo do globo, com 1.680 metros de profundidade.
O lago Baikal é tao volumoso que, se todos os rios da terra depositassem as suas águas no interior, levaria pelo menos um ano para o encher. Responsável por 20% da água doce do degelo do planeta, nele desaguam 300 rios, sendo um habitat incrível de biodiversidade, com 1085 espécies de plantas e 1.550 espécies de outros animais.
No entanto, este local considerado Património Mundial pela Unesco tem em cima de si um “catálogo de ameaças sem precedentes”, como escreve o Motherboard. Um deles está ligado ao escoamento de fosfato devido aos empreendimentos turísticos ilegais, ao tratamento inexistente das águas residuais, crescimento exagerado dos tapetes de algas e menor afluência de água que, este ano, decresceu 40 centímetros desde 2013.
A fábrica que produzia fibras de celulose para os pneus dos aviões soviéticos, situada em pleno lago, foi finalmente encerrada, mas deixou como herança 13 reservatórios tóxicos, cada um do tamanho de dois campos de futebol. A mais recente ameaça é um complexo hidroeléctrico da vizinha Mongólia que, a ser desenvolvido, retirará oxigénio do lago.
“Em algumas áreas mais a Norte do Baikal, uma série de algas podres com 10 metros de diâmetro cobre as praias”, explicou ao Motherboard o professor Oleg Timoshkin, do Limnological Institute of the Russian Academy of Sciences. “Até as vacas e cavalos se recusam a beber aquela água”.
O crescimento do número de turistas de 300.000 em 2009 para 1,3 milhões em 2015 também ajudou a decadência do lago, de acordo com o Siberian Times. “No extremo sul do lago há uma cidade, chamada Listvianka, uma meca de turismo e com muitos hotéis construídos nos últimos 15 anos. Nenhum deles tem instalações para tratamento de resíduos, por isso os esgotos vão direitinhos para o lago”, explicou Marianne Moore, do Wellesley College. E o fluxo de turistas está já a começar, acreditam as autoridades – não por muito tempo, porém, caso o lago se continue a degradar a olhos vistos.
Foto: Ryan Albrey / Guyal / NASA’s Earth Observatory / Jim Linwood / Thomas Depenbusch / NTNU, Faculty of Natural Sciences and Technology / anton petukhov / amanderson2 / Sergey Gabdurakhmanov / Yuri Samoilov / Creative Commons