O sector português de aquacultura produziu 12.000 toneladas em 2014, mas a maioria das explorações ainda são de pequena dimensão, semi-intensivas e com produtividades e rentabilidades de baixas.
Segundo Carlos Pinho, investigador e responsável pela área de Aquacultura do INESC TEC (INESC Tecnologia e Ciência), é preciso “continuar a criar confiança e promover a articulação entre os vários parceiros que estão direta e indiretamente ligados à aquacultura”, de forma aumentar a cadeia de produção de valor.
O responsável acredita que a aquacultura portuguesa pode atingir as 40.000 toneladas até 2020. Para tal, é necessário o envolvimento de todas as entidades presentes na cadeia produtiva.
“[É] fundamental desmistificar a realidade portuguesa com testemunhos de players nas várias áreas, criar confiança e fortalecer laços entre os empresários do setor e as entidades de I&D nacionais, fazendo-os olhar para o setor e para os seus desafios, ajudando-os a resolver os problemas e a aumentar a competitividade das empresas”, avança por sua vez Luísa Valente, investigadora do CIIMAR/ICBAS-UP.
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Estes desafios, além de alicerçados numa relação com o sistema científico e tecnológico nacional, devem ser acompanhados de formação profissional que leve ao desenvolvimento de novas competências, que sejam o suporte de novos equipamentos e metodologias de produção.
As estatísticas da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) prevêem que, revelam que o consumo mundial de pescado proveniente de aquacultura continue a crescer 7% ao ano, de forma sustentável – neste sentido, a capacidade de gerir alguns dos riscos e de prever o crescimento sustentável é uma das vantagens deste sector.
Se, por um lado, a nível mundial a aquacultura já contribui com metade do pescado consumido per capita, na Europa ela contribui com cerca de 25%. Em Portugal, a aquacultura nacional contribui apenas com pouco mais de 1,5%, embora o consumo de produtos aquícolas ronde os 8% – cerca de 6,5% são importações de salmão, dourada, robalo e peixe-gato.
“No caso português, o sector da aquacultura tem um enorme potencial para crescer muito graças às condições naturais que o nosso país apresenta, nomeadamente: a qualidade da água, as zonas de produção em estuários, rias, rios e a costa sul do continente e ilhas, que oferecem as condições ideais para a produção de espécies autóctones e de elevado valor comercial”, revela Fernando Gonçalves, Secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA).