Uma equipa de investigadores do Departamento de Biologia e Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma terapia amiga do ambiente que permite descontaminar as águas provenientes das pisciculturas, o que futuramente poderá eliminar a necessidade de utilizar vacinas e antibióticos, o que melhora a qualidade dos peixes de viveiro.
A técnica, denominada “terapia fágica”, elimina as bactérias patogénicas através da acção de vírus que as infectam e eliminam, o que constitui uma alternativa inovadora e revolucionária aos métodos habitualmente utilizados. A terapia fágica – assim se chama por utilizar fagos, vírus que destroem apenas as bactérias e são inócuos para a saúde humana – reduz substancialmente o impacto ambiental e os riscos para a saúde pública da utilização massiva de outros descontaminastes.
De acordo com Adelaide Almeida, investigadora do CESAM e coordenadora do estudo, a vacinação é o método ideal para impedir as infecções mas “ as vacinas disponíveis são ainda limitadas e podem ainda ser pouco activas nas primeiras fases de vida dos peixes, quando o sistema imunitário ainda não está totalmente desenvolvido”, cita o jornal online da UA.
Por outro lado, indica a bióloga, a administração de antibióticos “apesar de ser geralmente eficaz, constituindo actualmente a primeira opção no tratamento destas infecções bacterianas, pode levar, através do seu uso frequente ao desenvolvimento de resistências, que fatalmente acabam por se transmitir aos microorganismos que infectam os seres humanos”.
Além da resistência aos antibióticos ser dispendiosa para o sector da aquacultura é também um problema para a saúde pública. “Há uma necessidade urgente de desenvolvimento de medidas inovadoras, eficazes e de baixo custo para combater estas infecções antimicrobianas refractárias ao tratamento convencional e limitar o desenvolvimento e disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos, sendo vital procurar métodos menos lesivos em termos ambientais, como é o caso da terapia fágica”, explica Adelaide Almeida.
O trabalho, intitulado “Terapia Fágica como alternativa de baixo impacto ambiental para inactivar bactérias patogénicas em pisciculturas”, foi um dos finalistas do Green Project Awards 2014.
Foto: EPAMIG / Creative Commons