Sob investigação pelo Tribunal Ambiental da Índia desde 2015, a fábrica da Coca-Cola em Hapur, Nova Deli, viu agora as suas portas serem encerradas devido ao incumprimento de várias leis ambientais em vigor na Índia e por operar sem as devidas licenças.
As falhas que levaram ao fecho da fábrica da gigante mundial eram já do conhecimento público desde 2003. Durante anos, a empresa foi sendo alertada continuamente para as visíveis falhas ambientais da fábrica, recebendo inclusive pré-avisos de inspecções, com poucos efeitos práticos.
Nos autos agora levantados estavam descritas inúmeras falhas: falta de licenças válidas em 2016 e 2015, as estações de tratamento de efluentes na fábrica não funcionavam ou estavam em más condições, e eram feitas descargas de águas residuais numa lagoa a 1,5km da fábrica que tinha falhas estruturais. Também era prática comum o uso da água da lagoa para irrigação, sabendo-se agora que esta não tinha condições, com níveis de bactérias 3400 vezes superiores à norma; as caldeiras e os geradores de diesel desrespeitavam todas as leis de poluição do ar… Enfim, um sem número de violações graves.
Estas descobertas levaram o organismo responsável a recomendar, ainda em 2015, que a linha de produção da fábrica fosse encerrada, uma vez que o lixo orgânico de alta resistência não estava a ser tratado adequadamente. Para a CPCB é também aconselhável a criação de mecanismos alternativos para o tratamento da água que abastece os moradores da região, contaminada pelos esgotos não tratados da fábrica.
Todas as falhas e violações de segurança agora encontradas na fábrica da Coca-Cola não foram propriamente uma surpresa para a CPCB, com a gigante de bebidas a ser tida como uma habitual infractora das normas ambientais na Índia em 2003, 2005 e 2007.
“A arrogância e incompetência desta empresa é inacreditável”, disse Amit Srivastava, da associação India Resource Center. “Recebeu vários avisos para repensar a sua conduta, mas recusou-se a fazê-lo na Índia e continua a operar sem as licenças necessárias. A fábrica devia ser fechada de vez e o governo deveria obrigar a empresa a indemnizar a comunidade que irá suportar o impacto da poluição da Coca-Cola por muito tempo “, concluiu.
Foto: Rafael Salmazzi